Escrever! Notas do leitor
Vá para a seçãoBuenos Aires - - Segunda 18 De Janeiro
Roubar é sempre errado, mas não deixemos que a árvore nos impeça de ver a floresta.
Mais uma vez a notícia nos leva para a cidade de Mar del Plata. E novamente é uma notícia que nos parece cômico em sua primeira leitura, mas então ele se volta para o trágico. O fato é simples: um ñato escondeu duas tiras de assado em suas calças e tentou sair do açougue com o choque, mas eles descobriram porque ele estava “andando estranho”. Parece engraçado no início, não é? Especialmente por causa do detalhe, nada menos, que ele tinha calças “chupetas”, o que o tornou ainda mais difícil de se mover.
A primeira coisa que consigo pensar é como ele colocou uma tira de assado em cada camarão se ele tinha chupeta? Como você os tocou no balcão? Como está o arranjo da mobília daquele açougue? Havia tantos clientes lá para ninguém notar? Ele não teria que ir, pelo menos, ao banheiro, para fazer tal ato de habilidade criminal? Perguntas que não podem ser respondidas.
Mas um segundo depois, quando o cérebro já assimilou a “notícia”, passamos para o estágio da tragédia. O jovem de 34 anos (eu sei que ele não é uma criança, mas deixe-me chamá-lo assim para se sentir mais jovem no meu escasso 38) acabou sendo detido em Batán. Por razões que não são relevantes, uma vez tive que conhecer aquela junta lá dentro. Se o sistema prisional argentino é deplorável, Batán é a porta para o inferno. Não posso nem dizer as condições de vida que os presos suportam. Agora, ir para a cadeia numa prisão tão terrível por roubar comida?
Eu sei o que você vai responder e eu digo que você está certo: roubar é errado. O pobre açougueiro também está lutando contra isso e, pior do que ruim, três quilos de carne somam no momento de pagar pela eletricidade. Mas em que situação vive alguém que rouba comida? Será que ele merece a mesma punição que alguém que rouba um carro para destruí-la? Eu costumo usar a pergunta como uma ferramenta retórica, para afirmar algo removendo a ênfase. Não neste caso. Não sei o que penso, não sei o que a justiça deve fazer com este rapaz. O que eu sei é que para roubar comida você tem que estar desesperado. E se o ladrão moderno vai cair o peso da lei, o mínimo que peço é que a justiça também investigue um pouco aqueles que criaram as condições para que uma pessoa na plenitude de sua vida não tenha meios para comprar três quilos de carne.
Data de publicação: 18/02/2019
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